A programação do seminário traduz a preocupação em descentralizar a exibição cinematográfica de filmes portugueses. Procura-se criar um espaço de visibilidade para a produção nacional mais recente e contribuir para a criação de um espaço, em Serpa, capaz de despertar o interesse pelo cinema documental.
A barragem do Alqueva recomeçou a ser construída em 1995. A nova concepção da barragem condenou ao desaparecimento a Aldeia da Luz. A sua população vai ser instalada numa nova aldeia. Para analisar o impacto que esta mudança vai provocar nos habitantes, três famílias distintas, uma de lavradores, uma de comerciantes e a outra do poeta da terra, foram seguidas ao longo de dois anos, até Março de 2001.
Um tempo que, embora ainda presente em Cabo Verde, já faz parte da nossa memória afectiva: os brinquedos tradicionais. Visão poética de uma infância cada vez mais distante.
Durante um Verão, o filme segue, em duas ilhas do arquipélago de Cabo Verde, o processo de criação dos espectáculos que serão apresentados no festival de teatro do Mindelo. Um olhar também sobre a vida fora do palco, acompanhando de perto pessoas que querem encontrar formas de exprimir uma identidade nova, ‘uma África’. Os ensaios e bastidores, o nascimento e a discussão das ideias dos grupos de dança Raiz di Polon e Terra a Terra, do grupos de teatro Otaca e dos Acrobatas da Pedra Rolada. O uso do corpo como instrumento de criação. E um músico, Orlando Pantera, que nos indica o caminho da inspiração: ‘mais alma…’
Um remix de imagens de arquivo, não só do 25 de Abril de 1974, mas também dos tempos da ditadura salazarista, do processo revolucionário em curso e de manifestações posteriores.
Em outubro de 2000, quando Graça Castanheira está em Belgrado para filmar a experiência do casal de realizadores Zoran e Svetlana Popovic que aí animam uma escola de cinema, a História rebenta em volta, com a população a tomar nas mãos a própria queda do regime de Milosevic (entretanto derrotado nas eleições, mas a resistir ao abandono). Sem deixar cair o projeto, Castanheira não pode senão alargá-lo, filmando essa revolta em direto, sempre a partir da relação com o microcosmos do casal.
Um filme em quatro partes. Quatro jovens filmam as suas memórias, afectos e vivências de uma África que sempre conheceram e onde nunca estiveram. Quatro histórias que representam o sentimento de uma geração, a terceira, cujos avós foram viver para África, um olhar sobre um passado que se reflete no presente de cada um.
Realizadora e antropóloga portuguesa. Nascida no Porto, estudou Antropologia Social, fez o Mestrado em Antropologia Visual no Granada Centre for Visual Anthropology da Universidade de Manchester e o Doutoramento na Universidade Nova de Lisboa com a tese Camponeses do Cinema. Entre 1994 e 2000 trabalhou no Museu Nacional de Etnologia. É Professora Auxiliar da Universidade Nova de Lisboa e Coordenadora do Mestrado em Antropologia – Culturas Visuais. Ensina também nos mestrados e doutoramentos da Universidade de São Paulo e na Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Barcelona. Em 2000 fundou, com Catarina Mourão, a produtora Laranja Azul. No cinema destaca-se o seu trabalho e publicações em documentário e etnografia.
Edgar Pêra é um cineasta português. Pêra também é artista plástico e quadrinista, escreve ensaios de ficção e cinema. Edgar Pêra estudou Psicologia, mas mudou-se para Cinema no Conservatório Nacional Português, hoje Escola de Teatro e Cinema de Lisboa. Edgar Pêra é actualmente um dos mais prolíficos realizadores portugueses com centenas de trabalhos audiovisuais em nome próprio e um dos autores que continua a quebrar barreiras com o seu cinema experimental.
Depois de frequentar a London School of Film Technique, como bolseiro do Fundo do Cinema Nacional, Fernando Matos Silva é professor no Curso de Cinema do Exército, e realizador militar entre 1969 e 1970. A sua longa-metragem ‘O Mal Amado’ é o último filme português a ser censurado pelo Estado Novo e o primeiro a estrear após o fim da ditadura. Esta carga simbólica, que parece ser adivinhada pelo próprio filme, acompanha subtilmente os restantes. A par da realização, participa como argumentista, produtor e montador em várias produções nacionais, colaborando com realizadores como Fernando Lopes e Paulo Rocha.
Graça Castanheira nasce na Angola colonial, em 1962. Após o 25 de Abril, a família regressa a Portugal onde, em 1989, Graça termina a sua formação, na Escola Superior de Teatro e Cinema. Os seus filmes vão ao encontro de histórias além fronteiras com interrogações próprias e actuais.