O seminário concentra-se em grandes exemplos (não na quantidade) e em questões de linguagem, mais do que questões de produção ou distribuição. Surge da necessidade de interrogar o estado do cinema documental numa altura em que o seu óbvio momentum acarreta novas contradições. Convida à discussão do potencial renovador do documentário no contexto de todo o cinema, assim como da sua resistência aos novos espartilhos da padronização. E sugere o debate sobre o documentário não tanto enquanto discussão de um género mas como reflexão sobre questões de representação que integram todo o cinema moderno. A edição de 2002 inclui, como componente especial, um diálogo com autores da Ásia Oriental, em continuação da jornada Doc’s Kingdom organizada no contexto do festival de Yamagata. Outra novidade é a organização de duas conferências temáticas seguidas de debate, uma sobre o documentário no Japão, outra sobre aspectos e desafios do documentário contemporâneo. Em paralelo com o seminário, é apresentado um ciclo de filmes dedicado à população local.
“É sempre como os frescos do Campo Santo, em Pisa, onde se pode ver de uma forma muito clara um braço, e o bocado ao lado que representava a cabeça caiu. Vejo as imagens, umas a seguir às outras, muito nítidas, mas apenas com a forma que elas têm para mim. Mais, vejo esta forma apenas pela recordação do efeito que elas tiveram em mim.” – Stendhal, em ‘La vie de Henry Brulard’
Neste filme é desenvolvida uma surpreendente linguagem visual de grande intensidade filosófica. Um escritor, apanhado entre a realidade e a ficção, é confrontado como a grande questão: como ser feliz na vida?
Este filme fala-nos da relação entre o criador e a criação, e de como eles se influenciam mutuamente. É sobre a ligação entre o universo inerente à obra de arte e a vida quotidiana do artista.
Durante sete dias, uma equipa de cinema filmou o quotidiano dos moradores do Edifício Master, situado em Copacabana, na esquina da praia. O prédio tem 12 andares e 23 apartamentos por andar – são 276 apartamentos no total, onde moram cerca de 500 pessoas. Trinta e sete delas são personagens deste filme.
“Through this film I made my own personal discovery of John Cage. The way Cage tells his stories whilst also setting them to music, how he regards the everyday, banal material as musical material, how he counts on accident, how he integrates accidents into his concerts, different disturbances, how he makes rooms for disruptions, all that impressed me a great deal. But it is important to stress that this was not being carried out by an amateur, but by a considerable craftsman who has a real understanding of his trade.” – Klaus Wildenhahn
Através da preparação caseira do sake, o realizador aborda a teia de relações complexa entre os membros da sua família, e em particular entre os seus pais, que estão separados.
Imamura Hanako é uma rapariga de vinte e dois anos com autismo profundo que vive em Yamasaki, na província de Quioto. Uma vez por semana, frequenta uma aula de pintura, onde pinta pinturas arrojadas a óleos. Noutra vertente, todas as noites após o jantar continua a criar obras, a que a sua mãe Chisa chama de ‘food art’.
24 Horas e Outra Terra é um documentário filmado no mês de Setembro na Malhada, Ferreira do Alentejo, resultante de 24 horas passadas com os trabalhadores rurais itinerantes de etnia cigana, que trabalham na apanha do tomate e se deslocam de terra em terra, seguindo o calendário das colheitas no sul de Portugal.
Filmado numa pequena aldeia do sul de Espanha, Fuente Álamo lida com o tempo: momentos passados de forma consciente, o tempo a fluir preguiçoso e auto-indulgente, como um rio tranquilo. Um fluir que pouco tem a ver com a overdose de adrenalina e a má-disposição urbana, um fluir que nos deixa antes com um sentimento inocente e luminoso. A câmara apaixona-se pelos personagens, pela paisagem, pelos objectos, e acomoda-se preguiçosamente, sem pressas, inspirada pela vida da aldeia, fixando-se neles a entrar e a sair daquele espaço.
O filme conta a história de dois ucranianos, Sergey e Eduard, emigrantes ilegais em Portugal. Os dois partilham o espaço fechado de uma garagem adaptada a casa com três outros emigrantes ucranianos. A sua vida é simples e monótona, mas cheia de sentimentos contraditórios e nostalgia. O filme descreve os últimos meses de exílio voluntário quando a vontade de regressar de torna cada vez mais forte, e acompanha os primeiros dias de regresso a casa, na Ucrânia.
Um realizador de documentários decide filmar o mês de Agosto, pois está convencido que este mês é a metáfora de tudo o que é detestável no Estado de Israel. No entanto, ao fazê-lo, ele próprio se transforma em Agosto.
Em Volta é um filme sobre a viagem de Vicente, um fotógrafo (representado por Diogo Laço) que vai em trabalho para o Cairo. Aí conhece Maria (Beatriz Batarda). O Egipto passa a ser o ponto de partida para uma viagem, interior e física, em que a personagem questiona as pessoas que encontra sobre o amor.
António Carlos, director de vendas de uma agência imobiliária vive diariamente pressionado para fechar contratos e trazer mais lucro à empresa. Joana, mãe solteira, muda de casa em busca de uma vida diferente. O Sr. Pinto tem uma empresa de mudanças tradicional e vive na expectativa de que o telefone toque, mas há pouco trabalho e quando há, as coisas nem sempre correm como gostaria. Três histórias entrelaçadas, sobre pessoas, casas, vidas em desassossego na cidade do Porto.
Quatro soldados da Polícia Armada, que trabalham na segurança de uma embaixada em Beijing, terminaram a sua comissão de serviço. Com idades compreendidas entre os 20 e os 25 anos, estes homens trabalharam como projeccionistas para a sua esquadra. Após uma projecção final ao ar livre, cada um deles decide pontuar esta despedida com um acto especial.
Ben, um homem cego, faz um balanço sobre a sua vida. Emigrante em França, conseguiu estabelecer com sucesso um negócio, apesar de inúmeros reveses, e casou com uma francesa de quem teve um filho. Mas o que é que estes sucessos realmente significaram para ele? No fim acabou por perder tudo, até a visão.
Na linha férrea de Osnabrück-Bremen vai nascendo um silo. Trolhas, serralheiros, ajudantes, pedreiros, todos estão na clandestinidade, longe da pátria e da família. Trabalham 12 a 14 horas por dia e nos tempos livres vêem televisão, jogam às cartas, conversam sobre mulheres, dormem. No final, a ordem decai. O pedreiro embebeda-se e os corpos desafiam-se. Tudo é perdoável.
En Construcción é um retrato notável de uma comunidade de pessoas no Bairro Chino, em Barcelona, cujas vidas são afectadas pela construção de um prédio numa rua mesmo à saída das Ramblas. Os fragmentos da realidade quotidiana dos habitantes cruzam-se neste filme, de forma delicada, com as tarefas da equipa que constrói meticulosamente o edifício.
Numa escola na aldeia de Koker, no Nordeste do Irão, um rapazinho esquece-se de fazer os trabalhos de casa. A professora diz-lhe que se repetir o esquecimento, será castigado. Nessa noite, por engano, um amigo leva-lhe o seu caderno de exercícios. O rapazinho começa então uma noite de peripécias à procura da casa do amigo, que fica na aldeia vizinha de Poshteh. Os adultos, ao invés de ajudar, ignoram-no ou dão-lhe sermões.
DocLisboa: Festival Internacional de Cinema Documental de Lisboa, Festival Internacional de Cinema Documental de Yamagata, O Lírio Roxo - Associação Cultural