Nesta edição, dedicada ao documentarismo português, e partindo da visão de um número restrito de filmes escolhidos pela sua originalidade e representatividade, pretende-se proporcionar um debate sobre os caminhos do cinema documental. Serão exibidos filmes de realizadores com níveis de experiência muito diferentes entre si, incluindo várias primeiras obras. Por outro lado, volta-se a dar relevo à produção mais recente.
A pesca artesanal nos Açores vive de jovens audaciosos, que dominam os perigos e os medos, estabelecendo com a natureza um pacto de respeito mútuo. Pedro sonha ter um barco, formar uma equipa de trabalho unida e tomar o destino nas mãos. Documentário rodado e montado em São Miguel, Açores, entre 1999 e 2003.
Mercado do Bolhão é um registo da vida diária no mercado do Porto. O vídeo mostra-nos o comércio de peixe, de legumes, de fruta, de carne, de flores, de animais de capoeira; os vendedores, os fregueses, as conversas. As filmagens decorreram em Maio e Junho de 2002.
Documentário a propósito da exposição de António Sena, ‘Pintura’, ocorrida na Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa entre 3 de Outubro de 2002 e 19 de Janeiro de 2003, complementado com alguns trabalhos anteriores, uma entrevista ao pintor, aos comissários e a críticos que têm seguido a evolução do seu trabalho.
A instalação ‘L’Orage’ procura o espectador, no sentido em que lhe pede uma materialização memorial, dá os objectos numa dada disposição, numa dada ordem, com uma determinada bitola e espera pelo fio, pela história do espectador. O vídeo procura o rasto das coisas nas pessoas e o movimento que estas desenham no espaço em que circulam. Bitola não trata da forma como Francisco Tropa habita o espaço mas da maneira como a obra do artista é habitada. Explora-se a relação que o espectador estabelece com a obra, como nela circula, como a olha, como a toca, como se suspende ou se escapa dela. O próprio filme como observatório: as pessoas na ruína construída pela arte.
Documentário sobre a obra de Carlos Nogueira, seguindo de perto as várias exposições realizadas pelo artista ao longo do ano de 2002. O vídeo acompanha as fases essenciais da montagem das exposições: a concepção (intimamente ligada ao espaço preexistente à intervenção), a definição e transformação dos materiais e a instalação dos elementos escultóricos.
Documentário sobre o cancro realizado no Centro Regional de Lisboa do Instituto Português de Oncologia de Francisco Gentil através do acompanhamento de diversos doentes ao longo das diferentes fases clínicas, dede o diagnóstico aos processos clínico, delineando uma relação entre a realidade científica, cultural e social da doença oncológica e os reflexos subjectivos perante a doença.
Esta é a história dos habitantes da vila de Chãs das Caldeiras, que repousa junto ao vulcão do Pico do Fogo, ainda activo. Fogo é também o nome do local de rodagem, uma das ilhas do arquipélago de Cabo Verde, situado a 300 km da Costa Ocidental Africana. O vulcão deu origem às ilhas e a sua última erupção aconteceu em 1995. Devido às erupções regulares, o governo decidiu construir uma nova vila a uma distância segura do vulcão para transferir os habitantes de Chã das Caldeiras. O filme mostra a situação depois do incidentes naturais. Ninguém se magoou e a certeza de querer mudar de vila transforma-se em dúvida. O vulcão torna-os fortes, costumam dizer, e torna a terra que cultivam fértil…
Retrato contemporâneo da cidade de Lisboa através dos seus mais recentes habitantes: europeus do leste, brasileiros, asiáticos, africanos…
Um arquitecto, Álvaro Siza, e a sua equipa, são chamados a coordenar a recuperação da Cidade Velha, na ilha de Santiago, em Cabo Verde. O objectivo final é uma candidatura da cidade a Património Mundial da UNESCO. A Cidade Velha é um sítio histórico: antes chamada Ribeira Grande, esta é a primeira cidade fundada em Cabo Verde pelos portugueses, em 1462. Tudo isto suscita na população grandes expectativas quanto à melhoria das suas condições de vida. Este filme conta a história do encontro entre estes dois mundos, o do arquitecto e o da população, acompanhando ao longo de três anos algumas das histórias que aconteceram…
Realizadora e antropóloga portuguesa. Nascida no Porto, estudou Antropologia Social, fez o Mestrado em Antropologia Visual no Granada Centre for Visual Anthropology da Universidade de Manchester e o Doutoramento na Universidade Nova de Lisboa com a tese Camponeses do Cinema. Entre 1994 e 2000 trabalhou no Museu Nacional de Etnologia. É Professora Auxiliar da Universidade Nova de Lisboa e Coordenadora do Mestrado em Antropologia – Culturas Visuais. Ensina também nos mestrados e doutoramentos da Universidade de São Paulo e na Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Barcelona. Em 2000 fundou, com Catarina Mourão, a produtora Laranja Azul. No cinema destaca-se o seu trabalho e publicações em documentário e etnografia.
Joaquim Pinto nasceu em 1957. Após concluir a Escola Superior de Teatro e Cinema na área de som, é responsável pelo som de inúmeras longas metragens com realizadores como Manoel de Oliveira, Raul Ruiz e Werner Schroeter. Em 1986, realiza e produz a sua primeira longa metragem, Uma Pedra no Bolso, dando início a um ciclo de produção que começa com Recordações da Casa Amarela e termina com A Comédia de Deus, ambos de João César Monteiro. É casado com Nuno Leonel. Juntos realizaram diversos documentários e filmes de animação, e coordenam uma editora de livros e música.
Luís Miguel Correia nasceu em Santa Iria da Azóia em 1977. Licenciado em Ciências da Comunicação, na área de especialização de Cinema, pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Frequentou o Curso de Realização de Cinema e o Curso de Argumento para Cinema, ambos promovidos pela Fundação Calouste Gulbenkian, em colaboração com a London Film School. Tem trabalhado como operador de Câmara, montador e assistente de realização em diversos documentários e curtas-metragens. Realização uma série de documentários sobre artistas portugueses (Fernando Calhau, Carlos Nogueira e Pedro Calapez) e as curtas-metragens O Dedo da Estação.
Renata Sancho nasceu em 1973 e vive em Lisboa. É realizadora mas também trabalha profissionalmente como montadora e anotadora. Desde 2013 que gere a produtora Cedro Plátano. Licenciou-se em Ciências da Comunicação, especialização em Cinema e Televisão na FCSH/UNL. Entre 2007 e 2015 foi professora-assistente no curso de mestrado de Ciências da Comunicação na Universidade Nova de Lisboa. Lecionou montagem no Instituto Politécnico de Leiria no curso de Som e Imagem, em 2010.
Nasce em Lisboa em 1974. Em 1998 termina a licenciatura em Ciências da Comunicação na Universidade Nova de Lisboa. Desde aí realizou filmes que foram exibidos em festivais como Cannes, Berlinale, Rotterdão, BFI London Film Festival, Festival d’Angers, Viennale, Vila do Conde, Rio de Janeiro, Zinebi, entre outros. Em 2006 fundou a produtora Terratreme (antiga Raiva), onde tem feito a produção executiva de diversos projectos.