DOC’S KINGDOM – A COMUNIDADE PERMANENTE
A Comunidade Permanente do Doc’s Kingdom visa reflectir, expandir e articular o conhecimento colectivo produzido no Seminário anual, com a organização de jornadas de trabalho, encontros presenciais e sessões online ao longo do ano.
A primeira série de sessões online visa interrogar a própria ideia de comunidade, a partir das práticas de quatro organizações artísticas e culturais de referência, com histórias, escalas e missões muito diversas, operando simultaneamente ao nível local e global em diferentes territórios do cinema documental.
Através do debate em torno dos gestos de produzir, realizar, distribuir e programar filmes, queremos interrogar: como pode o cinema constituir um projecto de comunidade?
Dear Doc 2022 – SESSÕES ONLINE (em inglês):
22 novembro La Vulcanizadora – Andrés Jurado & Maria Rojas Arias
29 novembro Mediateca Onshore – Filipa César & Marinho de Pina
5 dezembro LUX – Benjamin Cook
12 dezembro The Flaherty 2022 Online Experience – Juan Pedro Agurcia
As sessões Dear Doc online decorrem das 20h às 21h, hora de Portugal.
Inscrições sem custo, por ordem de chegada, até 25 participantes, com prioridade para Residentes Dear Doc 2022 e participantes em todas as sessões.
22 novembro 2022, 20h-21h
La Vulcanizadora – Andrés Jurado & Maria Rojas Arias
LA VULCANIZADORA é um laboratório de produção e criação cinematográfica fundado em 2017 por Maria Rojas Arias e Andrés Jurado, cineastas, artistas e produtores. La Vulcanizadora dedica-se a projetos criativos experimentais e a explorar vários modelos de produção e colaboração para fazer filmes, num compromisso de cooperar com processos de memória histórica e de dar vida a narrativas que vão na contramão das histórias oficiais ou canonizadas pelos circuitos culturais e pelas instituições oficiais.
Andrés e Maria propõem um intenso diálogo entre as disciplinas, amparado por uma prática articulada com o ofício de artista e a experimentação com filmes e formatos híbridos. La Vulcanizadora incorpora métodos da performance, do teatro e da arte contemporânea, gerando abordagens críticas aos dispositivos etnográficos e à antropologia visual. Destaca-se o trabalho sobre o arquivo e o contra-arquivo audiovisual, onde o cinematográfico está na base das operações. Os seus principais interesses são as histórias sobre alteridade radical, os esforços para compreender os processos de colonização e descolonização, examinando de perto e transgeracionalmente as suas representações.
Andrés Jurado é artista, cineasta e produtor cujo trabalho explora as intersecções entre cinema experimental e expandido, o arquivo e o contra-arquivo, arte contemporânea e propaganda, mosquitos, alienígenas, a corrida espacial e todas as suas incidências na construção de narrativas contemporâneas e políticas. Os seus trabalhos foram apresentados no Docs Buenos Aires, MIDBO Bogotá International Documentary Festival e EMAF, entre outros. É cofundador e codiretor de La Vulcanizadora. Em 2021, fez parte da Equipa da Forensic Architecture na investigação sobre desapropriação de terras, desaparecimento e desmatamento na Colômbia.
Maria Rojas Arias é codiretora de La Vulcanizadora, artista visual e cineasta. O seu trabalho desenvolve-se no campo do audiovisual e da instalação com imagens em movimento. Trabalha com materiais de arquivo oficiais e não oficiais, procurando articular de forma ampliada as relações com acontecimentos específicos do passado que constituíram discursos nacionais, políticas de guerra, fundação e colonização de espaços, entre outros.
29 novembro 2022, 20h-21h
Mediateca Onshore – Filipa César & Marinho de Pina
A MEDIATECA ONSHORE é uma plataforma artística e cultural localizada na Guiné-Bissau, num contexto sensível do ponto de vista social e ecológico. Como espaço, acolhe arquivos, workshops, seminários, produções e encontros comunitários. Enquanto rede, activa transferências de conhecimento a nível local, Sul-Sul e globalizante através das artes performativas, das práticas de arquivo, da imagem em movimento e dos meios digitais. O objectivo é articular experiências no campo da arte, da agro-ecologia, do conhecimento tradicional e dos meios de comunicação social como contributo para a justiça social, económica e ambiental.
Filipa César é artista e cineasta. O seu trabalho interessa-se pela relação porosa entre a imagem em movimento e a sua recepção pelo público, os aspectos ficcionais do documentário e a política e poética inerentes à produção de imagens em movimento. Grande parte dos seus filmes centra-se nos espectros da resistência na história geopolítica de Portugal. Através da criação de espaços performativos, propõe uma abordagem subjetiva do conhecimento e questiona os mecanismos de produção das grandes narrativas nacionais, bem como o apagamento de acontecimentos e gestos das minorias. Desde 2011, tem realizado vários filmes que tomam como matriz as primeiras horas do cinema de luta e libertação na Guiné-Bissau, como fragmentos de um património perdido cujo potencial procura reanimar através de uma pesquisa colectiva, Luta ca caba inda ( A luta ainda não acabou). Em 2017, Spell Reel, a sua primeira longa-metragem que traça essa aventura, teve a sua estreia mundial na Berlinale (Fórum) e foi posteriormente exibido em festivais e museus de todo o mundo, onde recebeu inúmeros prémios. César também tem mostrado o seu trabalho regularmente em espaços de arte contemporânea como SAAVY (Berlim), Khiasma (Paris), Tensta konsthall, e-flux, Mumok, MoMA, Harvard Film Archive, The Flaherty Seminar, Doc’s Kingdom. Recebeu a bolsa AFIELD para a arte e o engajamento social, em apoio ao projeto Mediateca Onshore.
Marinho de Pina está actualmente a fazer o doutoramento no Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), com uma tese dedicada ao urbanismo em Bissau, capital da Guiné-Bissau, na sequência da sua pesquisa sobre arquitetura guineense, no âmbito da qual obteve o mestrado em arquitetura vernacular e construção em barro. Marinho de Pina também é artista performático e escritor. Desde 2016, trabalha na gestão pública da AJASS, uma organização social da Sonaco, que visa melhorar a qualidade da educação local, lutar contra a mutilação genital feminina, VIH/SIDA, a destruição ecológica e a desflorestação. Marinho de Pina integra o coletivo que desenvolve o espaço Abotcha – Mediateca Onshore na Guiné-Bissau, e tem vindo a colaborar no projeto de investigação New Alphabet na HKW, em Berlim.
5 dezembro 2022, 20h-21h
LUX – Benjamin Cook
A LUX é uma agência internacional de artes, sem fins lucrativos, que apoia e promove as práticas de imagem em movimento de artistas. Fundada em 2002, a organização baseia-se numa longa linhagem de antecessores (The London Film-Makers’ Co-operative, London Video Arts e The Lux Centre) que remontam à década de 1960. A LUX é o maior distribuidor deste tipo de trabalho na Europa, cooperando com um grande número de instituições, incluindo museus, galerias, festivais e estabelecimentos de ensino, bem como directamente com o público e artistas. As principais actividades da organização são a distribuição, exposição, publicação, educação, pesquisa e apoio ao desenvolvimento profissional para artistas e profissionais das artes.
Benjamin Cook é fundador e diretor da LUX, a agência britânica de apoio e promoção de artistas que trabalham com a imagem em movimento. Cook está profissionalmente envolvido com o sector de cinema independente no Reino Unido nos últimos 20 anos, como curador, arquivista, produtor, escritor e conferencista.
12 dezembro 2022, 20h-21h
The Flaherty 2022 Online Experience – Juan Pedro Agurcia
No Flaherty Film Seminar, com base na experiência do primeiro seminário online em 2021, uma equipa criativa passou cerca de um ano a preparar uma plataforma online exclusivamente dedicada às necessidades da comunidade Flaherty. Em 2022, para o 67º Seminário Flaherty “Continents of Drifting Clouds”, programado por Almudena Escobar López e Sky Hopinka, pessoas de todo o mundo foram convidadas a participar num espaço online personalizado, criado em torno de ideias de serendipidade, não-hierarquia, não-preconceito, agência, jogo, e ligações com mundos naturais e indígenas. The Flaherty Online Experience foi produzida por Juan Pedro Agurcia e construído em ohyay pelos tecnólogos criativos Ziv Schneider e Michael Krisch, com direção artística do realizador imersivo e artista digital Alexander Porter e do artista, cineasta e educador Mohawk Katsitsionni Fox.
Quem pode participar em conversas sobre documentário e que vozes são ouvidas? O hibridismo oferece oportunidades para questionar hierarquias, expandir o acesso e descentralizar as conversas. No entanto, como muitos de nós sabemos através de experiências em primeira mão com intermináveis chamadas de Zoom e webinários impessoais, um evento online apresenta obstáculos tecnológicos e sociais que podem dificultar a capacidade de criar conexões e experiências genuínas. Nesta conversa, Juan Pedro Agurcia refletirá sobre os desafios, oportunidades e lições aprendidas no processo de construção de um espaço online personalizado, envolvendo uma comunidade híbrida e conectando vozes de todo o mundo através do cinema documental.
Juan Pedro Agurcia trabalha na programação, promoção, produção e distribuição de cinema alternativo. Colaborou com o Cinema Tropical, a UnionDocs e o Flaherty Film Seminar em Nova York. Agurcia é cofundador e editor da Corrientes, uma plataforma digital trilíngue dedicada a expandir a acessibilidade e o debate com e através do cinema experimental latino-americano. Juan Pedro é programador do Tercer Cine Honduras, o único projeto de exibição independente nas Honduras.
O programa de bolsas e residências Dear Doc é desenvolvido com o apoio da Fundação Gulbenkian. O Doc’s Kingdom – Seminário Internacional de Cinema Documental é organizado pela Apordoc – Associação pelo Documentário, financiado pelo Instituto do Cinema e do Audiovisual do Ministério da Cultura, com o apoio da DST e do Município de Arcos de Valdevez.